A Umbanda online: 3 passos para filtrar aquilo que estudamos

Há alguns anos já existem grandes blogs, canais de Youtube e até contas de Twitter, Facebook e Instagram sobre a Umbanda. A variedade dos conteúdos é enorme, envolvendo esclarecimentos e estudos sobre a religião, registro de pontos cantados e tocados como aqui no Pontos de Umbanda, ilustrações inspiradas nas entidades e orixás e até Stand-ups e esquetes de comédia voltadas para esse público. Será que é um bom costume consumir esse tipo de coisa? É um desrespeito ouvir piadas sobre o dia-a-dia no terreiro? Tem problema ouvir pontos em casa? Posso confiar no estudo exposto em um canal do Youtube?

A resposta para essas dúvidas e também para tantas outras é: depende! Se você não tem certeza sobre o tipo de conteúdo que deveria ou não consumir, aqui estão algumas dicas que podem te ajudar a decidir. Lembramos ainda que as mesmas dicas valem para a hora de escolher livros para estudar a doutrina.

1-Esse conteúdo está indo contra a doutrina da sua casa?

Nossa religião é muito diversa e você pode sim esbarrar com alguma informação que não se encaixa bem ou até que contradiz algo que seu pai de santo ou uma entidade de seu terreiro já lhe disse. Cada casa funciona de uma forma e dá explicações ou mantém segredos conforme a espiritualidade orientar. Isso não é motivo para, necessariamente, deixar de consumir esse conteúdo e muito menos para abandonar sua casa. Jamais desconfie do seu dirigente por causa de uma única informação colhida em algum lugar. Se ao longo do tempo começar a perceber que, realmente, essa prática específica parece absurda, não faz mal perguntar ao seu pai de santo o motivo dela. Atenção: perguntar, não questionar. Se a resposta não for satisfatória, talvez seja hora de avaliar se você poderia estar aprendendo mais em um outro terreiro, mas veja bem; essa não deve ser o principal razão para sair de uma casa, mas pode ser levado em conta como um motivo. Na grande maioria dos casos, é apenas uma questão de costume que varia de uma casa para outra. Você pode apenas continuar a ler, ouvir ou assistir e apenas desconsiderar aquilo que não e encaixa com seu terreiro.

Exemplos: já li em fontes razoavelmente confiáveis que erês podem ser elementais, que sonhos não têm significado espiritual e não servem como avisos nem presságios, que a umbanda só pode trabalhar com caboclos, erês e pretos-velhos… Essas coisas não batem com as doutrinas da minha casa. Não interrompi as leituras, mas não levei como verdade absoluta. Essas coisas podem ser verdades absolutas para algumas pessoas e devemos respeitá-las, assim como esperamos que respeitem nossa forma de seguir a umbanda.

2- Essa fonte é realmente confiável?

A pessoa falando nesse vídeo é uma mãe de santo? Quais referências que essa pessoa segue, em qual casa e qual tipo de umbanda ela trabalha? O autor desse post cita as fontes do que diz, onde aprendeu, onde leu, por que acredita nisso? Essas pequenas perguntas podem fazer toda a diferença na hora em que você for identificar se vale à pena ou não usar esse material para seu estudo. Assim como tudo que é publicado na internet, as publicações sobre a umbanda também podem ser exageros ou pequenas manipulações feitas por essas pessoas, donas de grandes perfis. Há muita gente por aí querendo vender cursos e mais cursos. Cursos sobre os reinos dos exus, cursos sobre as ervas, cursos sobre os orixás, até cursos para desenvolvimento mediúnico! Nossa religião é pautada na caridade. Compartilhar o conhecimento com irmãos de fé e usar a internet para chegar a filhos de pemba do país todo são atitudes louváveis, mas se tudo acabar em “acesse esse link para saber mais sobre nosso novo curso”, desconfie. Aquilo que é passado pode até ser um conhecimento muito útil, mas de nada vale pagar cursos caros se não soubermos praticar no dia a dia a humildade, o amor ao próximo e a caridade como nossa fé nos pede.

3- Você realmente precisa procurar esse material por conta própria?

Os médiuns que chegaram há menos tempo na religião às vezes têm vergonha de fazer perguntas, mas essa é a melhor ferramenta que temos! Em vez de sair fuçando o Youtube inteiro atrás de “dicas pra incorporar melhor”, “como ser um médium melhor” ou “quais ervas são melhores para um banho”, por que não perguntar diretamente a alguém? Com certeza qualquer entidade da sua casa, seus pais e mães pequenas, dirigentes e até irmãos de santo ficarão felizes em te ajudar em tudo que puderem. Em muitas casas existem cursos para os médiuns e em mais ainda são feitas sugestões de leituras, palestras ou vídeos. Não há problema nenhum esbarrar em um livro ou palestra gravada por aí, aplicar esses três filtros que mencionamos e decidir ler ou assistir. O que não pode acontecer é você buscar incessantemente essas informações pela internet e esquecer que a maior fonte de aprendizado é justamente seu terreiro. Entramos para a corrente mediúnica para aprender e evoluir, não para parecermos melhores que ninguém.

Espero que esses três passos possam te ajudar a decidir com mais consciência como ou através do que aprender sobre a nossa religião. É sempre muito bom estudar a doutrina espírita e a umbanda, mas convém prestar atenção naquilo que estamos consumindo.

 

por

Talita Emrich é médium da Casa de Caridade Portal de Aruanda, terapeuta nível III do Reiki e graduada em Literatura. Atualmente escreve os artigos sobre a espiritualidade aqui no Pontos de Umbanda.




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